Neste ano, o boom do mercado imobiliário, propiciado por mudanças na legislação a partir de 2005, vai completar uma década. Com as medidas legais implementadas pelo governo federal naquele período, a partir de 2004, houve retomada histórica em nosso segmento. Recursos para o crédito imobiliário voltaram com fartura ao mercado, tanto nos bancos públicos quanto no sistema financeiro privado. Associada a outros fatores intrínsecos àquele cenário, a ampla oferta de crédito aqueceu o setor e trouxe de volta ao primeiro plano o acalentado sonho da casa própria.
Com déficit habitacional estimado, à época, em 11 milhões de unidades, lançamentos em abundância, dinheiro farto, recursos disponíveis também para a aquisição de imóveis usados e clientes ávidos por conquistar uma propriedade os preços subiram em escala geométrica. O valor médio do metro quadrado elevou o Brasil a patamar de primeiro mundo frente ao mercado imobiliário internacional.
A aceleração dos valores chegou a gerar especulações
sobre possível bolha imobiliária nos trópicos, em equivocado paralelo com o
mercado norte-americano. Os boatos passaram, mas as condições começam a mudar.
Em decorrência de outros fatores, as alterações mexeram com temperatura do
setor.
Um dos indicadores que se tornou consenso, os
preços dos imóveis no Brasil atingiram o teto e não há mais espaço para
aumentos. A estabilização de valores que vimos assistindo desde o fim de 2013
deve persistir, fazendo com que possíveis correções acompanhem os avanços
inflacionários. Quem aumentar preço para comercialização ou locação poderá ver
o produto na prateleira por um longo período. Tampouco há indicadores de que
haverá queda nos preços.
Enquanto muitos atribuem os valores alcançados no Brasil à mera especulação, há uma outra interpretação cabível, com base em dados históricos. O segmento imobiliário brasileiro estava estagnado há anos, desde a extinção do BNH (Banco Nacional de Habitação). As iniciativas isoladas de investimento e de construção da casa própria foram sufocadas pelo confisco do dinheiro no Plano Collor. A falta de segurança jurídica para a aquisição de imóveis diretamente com os construtores também afastou o cliente.
O cenário, em 2015, indica que o setor
imobiliário deverá se concentrar na comercialização das propriedades que estão
prontas. Os lançamentos serão poucos, escassos e pontuais. Para apimentar ainda
mais esse cenário, vieram as medidas econômicas recém-anunciadas. A Caixa
Econômica Federal elevou os juros para financiamento imobiliário. O governo
federal aumentou os custos dos empréstimos bancários, entre eles os destinados
à compra de imóveis.
As novas medidas devem chamar a atenção de todo o
setor imobiliário, da cadeia produtiva e, principalmente, do consumidor. Quem
for pleitear financiamento, mais do que nunca, deve comparar condições e custos
do valoroso produto chamado dinheiro. Opções, como consórcio imobiliário,
poderão retomar o espaço que tiveram anteriormente. E a criatividade de quem
tem o que ofertar deve entrar em cena. Os ingredientes de que dispomos, no
momento, disparam sinal de alerta. Mas a história ressalta: as crises geram
muitas seqüelas, mas também muitas oportunidades.
João Teodoro da Silva - Presidente do Sistema Cofeci-Creci
Fonte: Correio Braziliense
Fonte: Correio Braziliense
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